REDES SOCIAIS
Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A literacia em saúde começa a ser alvo de políticas de saúde em Portugal, mas a investigação neste tema ainda é escassa. Pretendemos estimar a prevalência de literacia em saúde inadequada e os fatores sociodemográficos associados em Portugal, utilizando um instrumento de avaliação da literacia em saúde já existente, o Newest Vital Sign.
Material e Métodos: Após adaptação transcultural do instrumento, avaliámos uma amostra de 249 participantes para examinar fiabilidade e validade de constructo do Newest Vital Sign; esta última foi testada assumindo que os médicos teriam pontuação máxima, seguidos por investigadores na área da saúde, investigadores na área da engenharia e finalmente por leigos da população geral. Em seguida, aplicámos a versão validada numa amostra representativa de 1554 pessoas, residentes em Portugal, entre os 16 e os 79 anos, e quantificámos as associações entre literacia em saúde inadequada e caraterísticas sociodemográficas.
Resultados: O instrumento revelou elevada fiabilidade (α de Cronbach = 0,85). A profissão ligada à saúde associou-se a pontuações mais elevadas no Newest Vital Sign (p para a tendência < 0,001). A prevalência de literacia em saúde inadequada na população portuguesa foi de 72,9% (IC 95%: 69,4 - 76,4). Não encontrámos diferenças entre homens e mulheres, mas as pessoas com literacia em saúde inadequada eram significativamente mais velhas (p < 0,001) e com menor escolaridade (p < 0,001).
Discussão: A carga de literacia em saúde inadequada em Portugal é mais alta do que a observada noutros países europeus. Esta deve conduzir a medidas de precaução universais no âmbito da comunicação em saúde, a todos os níveis de cuidados.
Conclusão: Adaptámos um instrumento breve e simples e estimámos que, na população portuguesa alfabetizada, três em cada quatro pessoas possuem literacia em saúde inadequada.
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