REDES SOCIAIS
Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: É ainda parca a evidência científica quanto ao entendimento que as crianças têm sobre o conceito de morte, recentemente apontado pela International Children’s Palliative Care Network como área prioritária de investigação. Em particular, a evicção da emoção nesta área de investigação é uma lacuna importante. Este estudo visa desenvolver uma visão aprofundada da dimensão emocional da compreensão da morte pela criança, procurando, também, relacioná-la com a dimensão cognitiva.
Material e Métodos: Entrevistámos crianças (três a seis anos), com recurso a um livro ilustrando o cenário hipotético em que uma criança se deparava com a de morte de um familiar. Colocámos questões para avaliar os subconceitos cognitivos da morte e a dimensão emocional (o que sentiria a criança e o que lhe devia ser dito pelos pais).
Resultados: Dos 54 participantes, a maioria disse que a criança se sentiria triste (n = 46, 85%) e que os pais deveriam informá-la (n = 47, 87%); estas respostas não variaram significativamente com a idade. A compreensão cognitiva do conceito de morte das crianças que referiram a tristeza foi significativamente superior.
Discussão: Mesmo as crianças mais pequenas sentem a morte, não sendo possível desligar as compreensões cognitiva e emocional. Adicionalmente, as crianças devem ser informadas, com vista a uma elaboração adequada e multidimensional da morte.
Conclusão: Este estudo fornece informação valiosa aos profissionais de saúde e outros adultos interessados sobre a forma como a criança em idade pré-escolar se posiciona em relação à morte.