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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: O estigma face às doenças mentais é considerado como um dos principais obstáculos à prestação de cuidados médicos a doentes psiquiátricos. Esta problemática não está presente apenas na população geral, mas também entre os profissionais de saúde. Assim, os estudantes de medicina podem ser uma população alvo para a introdução de medidas de prevenção de estigma. O objetivo deste estudo é avaliar a evolução das atitudes dos estudantes de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) face aos doentes psiquiátricos, antes e depois de frequentar as cadeiras de Psicologia e Psiquiatria.
Material e Métodos: Foram distribuídos quatro questionários aos alunos do terceiro e quarto anos do Mestrado Integrado em Medicina da FMUC antes e depois de frequentarem as unidades curriculares.
Resultados: Foi observada uma diminuição estatisticamente significativa dos valores de estigma (p = 0,025) entre as duas medições (38,16 no primeiro momento, 37,72 no segundo). Foram ainda encontradas correlações inversas, quer entre o valor do estigma inicial e a empatia (rP = -0,477), como em relação ao tipo de personalidade, com maiores níveis de abertura à experiência originando níveis mais baixos de estigma (rP = -0,357).
Discussão: Em geral, as atitudes dos estudantes de Medicina relativamente aos doentes psiquiátricos foram positivas, com uma diminuição significativa do valor do estigma do primeiro para o segundo semestre. Estes resultados corroboram a hipótese de que a educação e o contacto com pessoas com uma patologia mental poderão modificar positivamente as atitudes e discriminação contra as mesmas.
Conclusão: Este estudo salienta a importância da implementação de programas nas Faculdades de Medicina com o intuito de reduzir o estigma entre futuros Médicos.