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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: As análises genómicas têm personalizado o tratamento adjuvante em cancro de mama localizado. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um protocolo institucional de análise genómica para de-escalação de quimioterapia.
Material e Métodos: Estudo de coorte prospetivo de todos os casos consecutivos de carcinoma da mama localizado com expressão positiva de receptores hormonais e sem sobre-expressão de human epidermal growth factor receptor 2, submetidos a um teste de quantificação de expressão de 21 genes para avaliação de score de recorrência (RS) entre agosto de 2015 e julho de 2018 num centro oncológico português. Para serem testadas, as doentes teriam de cumprir pelo menos um dos seguintes critérios de inclusão: i) luminal A-like, pT2pN0; ii) luminal A-like, 1 – 3 gânglios positivos e comorbilidades que constituam um maior risco para toxicidade induzida por quimioterapia; iii) pT1-2pN0, PR ≤ 20% ou Ki67 14% – 40%. O tratamento adjuvante foi de-escalado para hormonoterapia isolada quando o RS foi inferior a 18. Foi medida a taxa de redução de prescrição de quimioterapia e o seu impacto clínico, a associação do RS com características patológicas e a exequilidade do protocolo.
Resultados: Testámos 154 mulheres com mediana de idade de 61 anos (mínimo – máximo: 25 – 79), 69% pós-menopáusicas. Os tumores eram maioritariamente pT1 (55%), pN0 (82%), subtipo ductal invasivo (73%), G2 (86%), luminal B-like (69%) e estadio IA (85%). Obtivemos RS inferior a 18 em 60% das mulheres, com uma taxa de redução global de quimioterapia adjuvante de 65%. Esta análise genómica preveniu um evento adverso clinicamente relevante durante os primeiros seis meses de tratamento adjuvante por cada sete (intervalo de confiança 95%: 5 – 10) mulheres testadas. Considerando o cut-off mais recente para o RS, apenas 9% tiveram RS superior a 25, sendo que 11% das doentes com doença ganglionar teve RS superior a 25. Não houve correlação relevante entre RS e características anatomopatológicas. O protocolo não comprometeu o início atempado do tratamento adjuvante.
Conclusão: Este protocolo evitou a exposição a quimioterapia em pelo menos seis em cada dez mulheres.
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