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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: O coronavírus tem um impacto negativo sobre os indivíduos afetados tanto a nível físico como mental. A literatura sobre o estado de saúde pós SARS-CoV-2 ainda é escassa, com poucos dados sobre a prevalência de sintomas residuais e a qualidade de vida (QoL) após a infeção. O objetivo deste estudo foi compreender o impacto da infeção SARS-CoV-2 na QoL dos doentes e em sintomas residuais.
Material e Métodos: Estudo transversal observacional em doentes admitidos em enfermaria COVID-19 entre março 2020 e março de 2021. Aplicação de um questionário QoL (EQ-5D-5L) com avaliação de toda a amostra, em três pontos temporais e grupos de doentes: admitidos numa unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e idosos.
Resultados: Foram incluídos 125 participantes. A maioria foi admitida por curso grave de doença (51%), tendo-se registado 22% admissões na UCI, 8% com necessidade de ventilação ventral, 10% com complicações trombóticas e 18% com infeções nosocomiais. Quanto aos sintomas persistentes associados ao COVID-19 fog, os mais frequentes foram fadiga (57%), perdas de memória (52%) e insónia (50%). Em relação à QoL, houve uma diminuição média de 0,08 ± 0,2 no índex e 8,7 ± 19 na Visual Analogue Scale (VAS). A diminuição do índex relacionou-se significativamente com a idade, doença pulmonar obstrutiva crónica, asma e insuficiência cardíaca, e todos os sintomas persistentes. O VAS correlacionou-se significativamente com fadiga, alterações do humor, dificuldades de concentração e perdas de memória. A diminuição da QoL e os sintomas persistentes permaneceram estáveis ao longo dos três pontos no tempo. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na QoL do grupo de UCI, afetado sobretudo por sintomas persistentes relacionados com alterações do humor e perturbações da atenção. Os idosos apresentaram agravamento da QoL segundo o índex (0,69 ± 0,3 vs 0,8 ± 0,2, valor-p = 0,01).
Conclusão: Observou-se uma diminuição na QoL após a infeção por SARS-CoV-2, correlacionando-se com comorbilidades e sintomas persistentes. A ausência de variação da QoL e sintomas persistentes entre pontos temporais sugere efeito a longo prazo.
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