Osimertinib: Um Ponto de Viragem no Cancro do Pulmão EGFR Positivo em Estadio IV

Apesar de o cancro do pulmão apresentar uma elevada taxa de mortalidade, o tratamento com inibidores de tirosina-cinase dirigidos a determinadas alterações moleculares, tem melhorado a sobrevivência dos doentes com carcinomas de não-pequenas células (CPNPC) avançado ou metastático. As mutações do EGFR estão presentes em cerca de 15% dos CPNPC. Em Portugal, o osimertinib foi aprovado pelo Infarmed em 2021 como primeira linha terapêutica no CPNPC avançado com mutações sensibilizadoras do EGFR. Um homem de 55 anos, ex-fumador, com sintomas tosse seca e dispneia com seis meses de evolução, recorreu ao Serviço de Urgência por agravamento das queixas e febre. A tomografia computorizada torácica revelou consolidações pulmonares multifocais, já presentes no exame realizado três meses antes. Foram realizadas biópsias brônquicas compatíveis com adenocarcinoma do pulmão com deleção do exão 19 do EGFR. Os exames de estadiamento revelaram estadio IV-A (metastização pulmonar e, posteriormente em PET-FDG, suprarrenal direita) e foi iniciado osimertinib. O doente teve alta e progressivamente recuperou o seu estado geral prévio. Apesar de doença torácica extensa, o doente atingiu resposta metabólica completa, documentada em PET-TC após cinco meses do início da terapêutica, com melhoria clínica significativa. O osimertinib bloqueia eficazmente a via de sinalização do EGFR, sendo o tratamento de primeira linha nos doentes com CPNPC EGFR positivo avançado ou metastático desde o estudo FLAURA. Contudo, este tipo de resposta completa é raro e levanta-nos outras questões que realçam a necessidade de mais investigação sobre os fatores que influenciam este tipo de resposta, a duração da terapêutica nestes casos e o papel do DNA tumoral circulante na monitorização da terapêutica e decisão de suspensão.

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